sábado, 13 de novembro de 2010

JUVENTUDE ANTENADA- Como Anda a ESPIRITUALIDADE DA PASTORAL DA JUVENTUDE no Grupo de Jovens






Em sua história, a Pastoral da Juventude tem falado (e vivido) muito sobre a questão da formação/desenvolvimento integral das mulheres e dos homens, sujeitos da nova socieidade. Temos falado sobre o processo de educação na fé, sobre as múltiplas e complexas realidades da juventude e sobre as várias dimensões que integram a existência humana, dentre elas, a espiritualidade.
Enquanto dimensão da vida humana, a espiritualidade representa aquilo que responde à sede humana por aquilo que é pleno, sede de infinito, sede de beleza, de plenitude e de significados.
Para a PJ, a espiritualidade é que nos alimenta e nos da vida. É o sopro de Deus que age em nosso ser. Todos nós temos, pela escolha de Deus, um espírito que nos anima. Essa espiritualidade necessita ser alimentada no dia a dia e no contato íntimo com Deus através da palavra, que nos leva ao compromisso com o outro e a outra, com a comunidade e com a transformação de tudo que é contrário ao que Deus quer.
Atualmente, estamos diante de várias formas e práticas de espiritualidade: pentecostais, espiritualistas, carismáticas, da prosperidade, da nova era e tantas outras... para a PJ, a espiritualidade é radicalmente libertadora, ligada com a realidade e comprometida com a luta do povo, lembrando de D. Pedro Casaldáliga, espiritualidade não é uma moda. “Não é desencarnada e nem para gente frouxa...”.
Por tudo isso, dizemos que a espiritualidade da Pastoral da Juventude é:
Cristocêntrica – centrada em Jesus, amigo companheiro de caminhada. È a inspiração profunda (e profética) que inspira a vida do(a) jovem e muda toda a relação consigo mesmo, com o outro e com a sociedade. É a intimidade carinhosa e fraterna com o Deus Pai-Mãe.

O seguimento de Jesus não é a aceitação de um conjunto de verdades teóricas. É a possibilidade concreta de encontrar-se com Ele e estabelecer uma relação pessoal que leve a reconhecê-lo como Filho de Deus (João 20, 31), autêntico libertador. Só há seguimento, contudo, onde há encontro pessoal com Jesus Cristo. Ele chamou os apóstolos “para que estivessem com Ele” (Mc 3, 14). O “estar com Ele” é a experiência básica de seguimento de Jesus. É estabelecer uma relação que envolve toda a existência e o modo de vida do jovem. É a presença, companhia, afeto e intimidade. É o pôr o outro no centro da vida e fazê-lo o principal sujeito do que gosta ou não gosta, do que se prefere ou rejeita, do que se faz ou do que se deixa de fazer... “Para mim, a vida é Cristo.” (Filipenses 1, 21).

Mariana – Maria se compromete com o projeto de Deus. É exemplo de fidelidade, disponibilidade, entrega. É com Maria que entendemos o significado do cuidado, do companheirismo, daquela que se fez presença e amor no compromisso com o Projeto de Deus.
Ao resgatarmos o sentido de Maria no projeto da salvação estamos resgatando o sentido da luta de todas as mulheres que optaram pela vida de serviço ao projeto de libertação. Jovens que, como Maria, souberam romper com o seu tempo e assumirem o lado dos excluídos e excluídas, sendo presença firme na luta de seu tempo, e construindo novas dimensões para a realidade concreta em que vivem.
É essa expressão de entrega e libertação que queremos realçar na nossa espiritualidade ao falarmos de Maria e buscarmos a sua intercessão.
Comunitária e eclesial – pois é no grupo e comunidade na que o jovem se identifica, partilha suas experiências e sonhos. É na comunidade de fé e no grupo de base que as experiências da juventude se efetivam que o jovem produz os sentidos para a sua vida e é onde descobre o outro enquanto caminho para sua própria realização.
A vivencia na comunidade, a experiência da Liturgia Dominical (Missas e Celebrações da Palavra), as Romarias, as experiências da oração no grupo de base, os retiros, enfim, a oração em comunidade são dimensões fundamentais para a efetiva espiritualidade da PJ, momentos ricos e fortes para aqueles e aquelas que se aventuram no gostoso mistérios do seguimento de Jesus.
Leiga e Missionária – a presença do espírito nos grupos e comunidades instiga o jovem a servir os outros e a descobrir sua vocação missionária. É na sua dimensão comunitária que a fé ganha vida e amplitude.

No grupos, como dizem os bispo na Conferência Episcopal de Puebla os jovens explicitam seu “encontro pessoal e comunitário com o Cristo vivo, para que, evangelizados, se comprometam com a libertação integral do homem, da mulher e da sociedade levando uma vida de comunhão e participação” (Puebla, nº 1166). O próprio método da pastoral da Juventude do Brasil é sonhado como um estilo de vida, transformando tudo em contemplação. Uma vida juvenil, em grupo, tornada oração.


Encarnada e libertadora – O filho de Deus se encarna na realidade humana. Tem uma ligação de fé e vida. É o reconhecimento de que Deus fez-se homem/mulher e habitou entre nós, é a certeza de que a Evangelização precisa fazer-se realidade a partir da nossa conjuntura, do nosso chão ...

Quem não captou a paixão libertadora do nosso Deus não entendeu seu filho, nosso irmão, Jesus de Nazaré.
O amor ao próximo, que é como o amor a Deus. Toda a Lei e os Profetas, nos exigem sermos libertadores do próximo. Amar é agir. Amar de verdade, na realidade concreta da vida das pessoas e pos Povos, é agir também socialmente, politicamente. Libertadoramente.
Não é possível que um seguidor ou uma seguidora de Jesus contemple de modo passivo – lavando as mãos como Pilatos – a situação de pobreza de marginalização, de racismo, de violência, de corrupção.

Orante – valoriza os momentos de oração pessoal e comunitária. A liturgia e as celebrações expressam a espiritualidade que nos alimenta e anima.
Assim, a oração é parte fundamental na vida de todo PJoteiro e de toda PJoteira...
Em suas palavras de ternura e lucidez o nosso Amado D. Pedro Casaldaliga fala sobre a importância da oração na vida de um jovem cristão e anuncia algumas palavras muito claras para todos e todas nós:

Tomem nota mesmo: sem oração (cristã) não há espiritualidade cristã.
A espiritualidade é mais do que só oração, porque também é serviço, renúncia, luta contra injustiça, promoção do Reino de Deus... Mas, de nossa oração depende fundamentalmente a nossa espiritualidade!
A que Deus oramos? Que tipo de oração fazemos? Até... quanta oração? Da resposta a essas perguntas dependerá a nossa espiritualidade. Não nos enganemos. A ação não é oração. O serviço não é oração. A luta pelo Reino não é oração. A oração é oração.
Posso dizer mais? Tacando mesmo...? Moça ou rapaz da Pastoral da Juventude que não faz todo dia meia hora de oração é um traste apenas na Pastoral da Juventude.
Jesus, a quem tentamos seguir, viveu intensamente a oração. (...)
A oração evidentemente se faz de muitos modos, mesmo sendo sempre uma comunicação com o Deus vivo.

Para a PJ, essas são palavras de muita verdade, pois, para nós, a Espiritualidade é parte fundamental de nossas vidas, são as motivações e inspirações para as nossas vidas. É a força que nos impulsiona para ação.

Celebrativa – a alegria da juventude manifesta-se na celebração da vida e do Espírito como festa inspirada na vitória pascal. A realização de encontros, festas, liturgia, caminhadas... são momentos de viver o Deus-felicidade que nos anima e revigora para a ação concreta.
Cada vez mais, assistimos na Igreja ao avanço de um “tipo” de oração que é muito mais uma catarse, um momento de colocar diante de Deus as dores e sofrimentos de maneira aleatórias, do que um tempo-lugar de reflexão de fortalecimento para, através da luta do dia a dia, resolver os conflitos e enfrentar os desafios pessoais, comunitários e sociais. Na contramão desse “tipo” de espiritualidade, as CEBs continuam a propor uma liturgia inculturada, uma liturgia que una, de maneira plena e definitiva, fé e vida, mística e revolução....

Uma das acompanhantes inatas da espiritualidade é a celebração; também da espiritualidade juvenil. Aquilo que se celebra é outra manifestação da vida espiritual que levamos. A espiritualidade juvenil tem as cores de qualquer espiritualidade, mas há uma tonalidade específicas que se demonstra na celebração do cotidiano juvenil, da própria alegria da vivencia da fé que lhe foi dada e da história para a qual se sente chamado a construir: celebrar o cotidiano, celebrar a fé e celebrar a história.


A Teologia da Libertação é a nossa referência com a fundamentação da fé e o compromisso de luta e pé no chão. Nossa opção é de uma espiritualidade da libertação e da opção da Igreja pelos pobres. Podemos dizer então que a espiritualidade das Pastorais da Juventude é uma espiritualidade da alegria e anúncio de Jesus da vida, com a cara e o jeito da juventude. Por isso, necessitamos investir na nossa formação espiritual, participando e realizando momentos de estudo da palavra, Escolas Bíblicas e Litúrgicas e conhecimento do Ofício Divino das Comunidades e da Leitura Orante, para cultivar uma espiritualidade inculturada e ecumênica.
Em nosso Regional, a vivencia da espiritualidade da libertação é uma busca constante. Seja nas nossas Paróquias, nos Grupos de Base, nos encontrões diocesanos ou nas vivência da CRPJ, CRPJB ou das outras instâncias regionais estamos profundamente conectados(as) os momentos particulares de experiência da fé encarnada e libertadora:
ROMARIAS: são experiências riquíssimas de catolicismo popular e de celebração das lutas do povo. Em nosso regional, tem destaque a Romaria da Terra e das Águas, na Cidade de Bom Jesus da Lapa, e da, nacionalmente conhecida, Romaria de Canudos. Nessas, e em outras Romarias da Bahia e de Sergipe os PJoteiros e PJoteiras do Regionais colocam-se em marcha, caminham como povo de Deus em busca da terra prometida, celebram as suas vidas e lutam em busca de um novo céu e uma nova terra!

OFÌCIO DIVINO: com o objetivo de aliar a tradição da Igreja com o catolicismo popular da América Latina a PJ sempre usou como instrumento de oração a Ofício Divino das Comunidades, tradição milenar da Igreja Católica para a experiência da oração em pequenos grupos, que, recentemente fora adaptado no Ofício Divino da Juventude.
Trata-se de um instrumento simples e poderoso de oração em grupo que tem sido usado em todo o país pelos grupos da PJ e nos seus momentos de mística e de reflexão.

Na espiritualidade da PJ, são muitos os espaços e momentos de prática coletiva da oração e de vivencia da mística libertadora. A oração pessoal, os retiros, as escolas bíblicas e litúrgicas, a missa dominicais, as celebrações da palavra, as caminhadas e via-sacras, assim como muitas outras possibilidades de mística, inspiram-nos à construção de um outro mundo possível.

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