Carta de uma ex-bolsista do ProUni/CARTA ABERTA DE MARÍLIA AOS AMIGOS E AMIGAS

Carta de uma ex-bolsista do ProUni

CARTA ABERTA DE MARÍLIA AOS AMIGOS E AMIGAS
Ipiaú-Bahia, 23 de Outubro de 2010


O processo
eleitoral brasileiro foi historicamente marcado por ofensas, mas o atual
tem se revelado como um dos processos eleitorais com o maior número de
calúnias, difamações, ofensas pessoais e pouca discussão dos rumos do
país. Observando isso me perguntei: em quem votar? Por que votar? Quais
os interesses que estão por trás dessas calúnias e armações
jornalisticas? Busquei comparar os governos que os candidatos
representam: de um
lado o governo Lula, um operário, sindicalista, nordestino, ligado às
camadas populares ; do outro, o governo do FHC, sociólogo,
professor, ligado às elites brasileiras.

E comparei ainda
mais: com Lula a ampliação
dos programas sociais, com FHC as privatizações e a politica do arrocho
salarial. Não há dúvida, voto em Dilma pelos benefícios
que seu governo proporcionou a milhares de brasileiros. Penso nos
pobres com luz na roça, nos beneficiários do PBF (Programa Bolsa Familia),
não me venha dizer que se trata de esmolas! você ja pensou na
quantidade de crianças e
gestantes que nunca tinham ido ao posto de saúde e agora passaram a ir
para cumprir a condicionalidade de acompanhamento de Saúde e o aumento
da frequência escolar?, Já pensou no que o Programa representou na erradicação do trabalho infantil?); Penso também nos bolsistas do PROUNI que se destacam como melhores alunos.

Ainda se eu não olhasse para a arangência social do governo Lula e
olhasse apenas para a minha própria história, meu voto seria em Dilma!
Sou baiana, nordestina, negra,com um histórico e
caracteristicas que nos governos anteriores eram determinantes para que
não houvesse mudança de vida. O pobre tinha que permanecer pobre. Quem
nunca ouviu " se os pobres deixarem de ser pobres, o que serão dos
ricos?" E nós aceditávamos verdadeiramente nisso. Quando entrávamos nos
supermercados e não tinhámos poder de compra, quando nem sonhávamos com
universidade porque era coisa de rico.... Lembro-me quando meu irmão
ingressou em uma universidade particular com uma bolsa de estudos há
alguns anos. Era algo sobrenatural, porque ele era um dos pouquíssimos
na periferia
do Guarujá (São Paulo) que tinha essa oportunidade. Sabíamos que aquela
era a única vez que aconteceria aquilo em nossa família,
pois nenhum dos outros oito filhos teria um emprego que possibilitasse
tal ousadia.

Com o governo Lula, começamos a perceber que a nossa Bahia não era mais
lugar só de fome, só de miséria, só de pobreza. O nordeste
não podia ser lugar de pobre viver bem, de pobre cursar faculdade, de
pobre avançar? Pelo menos era o que nos fizeram acreditar. Fiz o ENEM (
que antes era feito só pra medir como andava a decadente educação no
ensino médio) e consegui uma bolsa do PROUNI em 2003, no curso dos meus
sonhos: SERVIÇO SOCIAL. Eu só poderia conseguir cursar a faculdade pelo PROUNI porque aqui no sul da Bahia não
tinha faculdade pública que tivesse o curso, nem eu tinha dinheiro
para pagar nas faculdades particulares.

Em junho de 2010 concluí o
curso superior com notas ótimas e observando o crescimento das vagas em
concursos públicos como nunca se viu antes, resolvi me tornar
concurseira e estudei muito, fiz alguns concursos fui aprovada no
Municipio de Vitoria da Conquista, como Orientadora Social em 2010,
e aprovada em primeiro lugar como Analista Social da UESB (Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia) e não vou parar por aí.

Sou assistente social e
observo a cada dia que " nunca na história deste país" foram criados
tantos espaços de trabalho para os assistentes sociais, não porque era
impossível criar, mas porque nao existia um olhar voltado às expressões
da questão social, orientando os jovens com o PROJOVEM, protegendo as
crianças com o PETI, dando dignidade às familias com o BOLSA FAMILIA.
Para alguns pode ser esmola, mas para mihares é ajuda, é garantia do
direito à
alimentação. Para a familia que não tinha garantida uma refeição diária é
importante, é beneficio com condicionalidades e continuidade, pois o
Bolsa Familia "não apenas dá o peixe, mas ensina a pescar" porque os
beneficiários aprendem profissão, mantêm os filhos na escola, cuidam da
saúde.