quarta-feira, 27 de outubro de 2010

CAMPANHA CONTRA EXTERMINIO DA JUVENTUDE

“É que a gente junto vai
Reabrindo caminhos vai
Alargando a avenida pra festa geral
Enquanto não chega a vitória
A gente refaz a história
Pro que há de ser afinal” Zé Vicente

“Vamos juntos gritar, girar o mundo.
Chega de violência e extermínio de jovens”
(Pe. Gisley, Assessor do Setor Juventude CNBB, horas antes de ser morto no dia 15 de junho de 2009)
































SUMÁRIO


 A Campanha

» O que é a Campanha?
» Como começou?
» Quem a promove?
» Quais serão as ações da Campanha?
» Porque pensar sobre a violência e o Extermínio da Juventude como um problema nacional?
» Calendário da Campanha
» Oração da Campanha

 Aconteceu...

» Arquidiocese de Vitória da Conquista-BA na luta contra a violência
» Realizado dia D contra o extermínio de jovens no Regional Nordeste III
» Diocese de Barreiras (BA) reuniu quatro vicariatos na abertura da Campanha
» PJ da Diocese de Ilhéus-BA realiza Congresso
» Juventude é tema de seminário em Salvador




 Artigos e textos

» Perfil da violência contra a juventude no Brasil e na América Latina
» As vítimas da violência têm idade, classe social e cor
» Os 7 Pecados Capitais – na Segurança Pública da Bahia
» UNICEF: 33 mil jovens podem ser assassinados em 7 anos
» Mídia, violência, juventude e esperança
» Na Bahia, a juventude negra na mira
» Casos de homicídios são mais freqüentes entre jovens
» “PORQUE SOMOS CONTRA O TOQUE DE “ACOLHER”?

 Diversos

» Ciranda pela Vida
»Festival Nacional de Música e Poesia da PJ
» Campanha contra o Extermínio de Jovens em horário nobre (novela Passione)
» Atividades Permanentes das PJ’s
» Ficha de monitoramento da Campanha
» Poesia: Ser jovem... Sou jovem...
» Fale conosco
O que é a Campanha?

É uma ação articulada de diversas organizações para levar a toda sociedade o debate sobre as diversas formas de violência contra a juventude, especialmente o extermínio de milhares de jovens que está acontecendo no Brasil. Com isso, a Campanha objetiva avançar na conscientização e desencadear ações que possam mudar essa realidade de morte.

Como começou?
A Campanha nasceu da reflexão da 15ª Assembléia Nacional das Pastorais da Juventude do Brasil (ocorrida em maio de 2008), fruto da indignação crescente dos/as delegados/as presentes naquela assembleia e da revolta ante ao crescente número de mortes de jovens no campo e na cidade, em todos os cantos do país.

Quem a promove?
As Pastorais da Juventude do Brasil (Pastoral da Juventude, Pastoral da Juventude Estudantil, Pastoral da Juventude do Meio Popular e Pastoral da Juventude Rural). Com o objetivo de unir forças na defesa da vida da juventude, várias outras organizações estão se juntando como parceiras da Campanha.

Setor Juventude – CNBB
Comissão Brasileira de Justiça e Paz
Conferência dos/as Religiosos/as do Brasil
Conselho Nacional de Leigos e Leigas
Rede Brasileira de Centros e Institutos de Juventude
Campanha Reaja ou será mort@!
Associação de Familiares e Amigos/as de Presos/as – Bahia
Jornal Mundo Jovem
Via Campesina





Quais serão as ações da Campanha?

As ações serão feitas a partir dos três eixos da Campanha:

Eixo I: “Formação política e trabalho de base”
Ações de conscientização e sensibilização quanto aos debates de segurança pública, sistema carcerário, direitos humanos, outros tipos de violência...

Elaboração de texto-base.

Subsídios preparatórios às Atividades Permanentes das Pastorais da Juventude do Brasil alinhados com a temática da Campanha (Semana da Cidadania, Semana do/a Estudante e Dia Nacional da Juventude).

Organização de Seminários Estaduais, de discussão e planejamento da Campanha.

Criação de um site da Campanha para disponibilizar subsídios, informações e possibilitar a interação com todas as pessoas que aderirem à Campanha.

Eixo II: “Ações de massa e divulgação”
Organização de uma Marcha Nacional (2011), com o objetivo de denunciar a violência e mobilizar a sociedade no que se refere ao extermínio de jovens.

Organização de pré-marchas locais.

Ações a partir das Atividades Permanentes da Pastorais da Juventude do Brasil.

Eixo III: “Monitoramento da mídia e denúncia quanto à violação dos direitos humanos”
Acompanhamento e denúncia das violações de direitos humanos praticadas pela mídia.
Porque pensar sobre a violência e o Extermínio da Juventude como um problema nacional?

Segundo a Pesquisa “Perfil da juventude brasileira” promovida pelo Instituto Cidadania 46% da juventude já perdeu parente ou amigo próximo de forma violenta e 38% já viu de perto alguém que morreu de forma violenta sendo que destes 62% foram mortos assassinados.
Segundo dados da mesma pesquisa 48% dos jovens indicam a questão da violência/segurança como um dos principais problemas do país.

Calendário da campanha

1º Semestre / 2010
• Pré-marchas locais para mobilizar a sociedade,
• Seminários Estaduais da Campanha,
• Reuniões Estaduais de Monitoramento do Plano Estratégico.
• Abril / 2010 – Semana da Cidadania

2° Semestre/2010
• Julho/ 2010 – Seminário Nacional de Avaliação e Monitoramento da Campanha
• Agosto / 2010 – Semana do(a) Estudante
• Outubro / 2010 – Dia Nacional da Juventude

• 1° semestre de 2011 – Marcha Nacional contra a violência e o extermínio da Juventude
• Abril / 2011 – Semana da Cidadania
• Maio/ 2011 – Seminário Nacional de Avaliação da Campanha
• Agosto / 2011 – Semana do(a) Estudante
• Outubro / 2011 – Dia Nacional da Juventude

Oração da Campanha
Nacional Contra Violência e o Extermínio de Jovens


Deus da Vida, da beleza, das cores e dos sonhos, ajuda-nos a construir uma sociedade mais justa, amorosa e pacífica, onde possamos viver irmanados e de forma digna e feliz.

Deus Libertador, olha para a juventude brasileira e afasta dela todas as formas de violência, principalmente o extermínio, que derruba tantos jovens cheios de sonhos, projetos e potencialidades.

Pai/Mãe da Juventude, Tu sabes o quanto gostamos de viver, de sonhar, de brincar, de namorar e de fazer tantas coisas boas. Não permita que roubem de nós esses direitos tão essenciais.

Tira de nós toda indiferença e desesperança. Que não deixemos de acreditar em nossos sonhos e de organizar as nossas lutas em busca da Civilização do Amor, do Outro Mundo Possível, do Reino de Deus.

Somos teus discípulos e tuas discípulas jovens que, de mãos dadas e com os pés fincados no chão, seguimos em marcha contra a violência e o extermínio de jovens, numa estrada banhada de sangue, que desejamos ver, sempre mais banhada de flores, sonhos e de justiça.

Caminha conosco, Senhor, porque a luta não é fácil e somente em Ti encontraremos força e coragem para não ter medo e nem desistir da marcha.

A vida da juventude está clamando por nossa ação e, como a jovem Maria, dizemos SIM a este chamado e, com cores e jeitos diversos, pintaremos a bandeira da Paz tão desejada por nossos povos.


Amém, axé, awerê, aleluia!
















Notas postadas no site da
PJ Nacional
www.pj.org.br

e no site da Campanha Nacional
www.juventudeemmarcha.org



Arquidiocese de Vitória da Conquista-BA
na luta contra a violência

No dia 17 de abril foi realizado na cidade de Vitória da Conquista-BA, (Vicariato São Lucas) em sintonia com o Regional Nordeste III o dia D contra a violência e o extermínio de jovens com apresentação de dança afro, maculelê, Hip-Hop, o coral da Pastoral do Menor e a divulgação de dados sobre a realidade violenta local. Agora, nos dias 01 e 02 de maio foi realizado no Vicariato São João um encontro da Pastoral da Juventude em Macarani-BA para debater a temática da Semana da Cidadania e a Campanha nacional contra a violência e o extermínio de jovens.

Cerca de 100 jovens participaram deste encontro que contou com as assessorias temáticas de Robenildo Bonfim, assessor da PJ Diocese de Eunapolis-BA e Jair, assessor da PJ SUB IV (Dioceses de Ilhéus, Teixeira de Freitas, Eunapolis, Itabuna e Amargosa)

Na ficha de inscrição de cada participante foi perguntado se já teve algum familiar, parente ou amigo vítima de algum tipo de violência e qual, e infelizmente, os dados apontaram para aquilo que já vem sendo debatido pela campanha. Cerca de 70% dos jovens participantes assinalaram que SIM.

O encontro foi bem participativo. Os jovens presentes ousaram, debateram. Fizemos memória a tantos jovens vítimas da violência e do extermínio, e nos comprometemos a continuar a construção da civilização do amor entre nós.

Na esperança e na fraternura, procuremos nos fortalecer sempre, e juntos continuemos defendendo a bandeira da juventude, da paz; a favor da vida. Continuemos todos e todas contra a violência e o extermínio de jovens.

Por
Fábio Ferreira
Realizado dia D contra o extermínio de jovens no
Regional Nordeste III

Dentro das atividades da Semana da Cidadania, procurando integrar as ações desta que é uma bandeira das Pastorais da Juventude do Brasil, aconteceu na Bahia e Sergipe (Regional Nordeste III) no ultimo dia 17 de abril, o Dia D contra a violência e o extermínio de jovens.

A Campanha nacional vem tomando força nos últimos meses em todo o Brasil. Várias são as iniciativas à procura de combater a violência e o extermínio contra a juventude.

Este dia serviu para mobilizar uma grande massa, para protestar, para realmente chamar a atenção das autoridades e sociedade em geral do debate que precisa ser feito para procurar soluções efetivas. Foram realizadas diversas atividades como Ato público, marcha ciclística, panfletagens, marcha contra a violência pelas ruas, Apresentações teatrais, festival de música, entre outras atividades.

Para Felipe da Silva Freitas - presidente do CEJUVE - Bahia e membro da Coordenação nacional da Campanha, "Na Bahia a discussão da Campanha contra a violência e o extermínio de jovens tem sido um sucesso. Desde o pré-lançamento da campanha realizado em junho passado durante a Romaria da Terra e das Águas em Bom Jesus da Lapa apenas crescem as movimentações de adesão e o apoio político dado por pastorais e movimentos a essa importante iniciativa. O Dia D realizado conjuntamente com a Semana da Cidadania em todo o regional é um sinal profético que aponta para a urgência de articular a reflexão sobre as variadas formas de violência praticadas contra a juventude e buscar modos articulados de enfrentá-las com vistas à defesa da vida e a construção da igualdade."
“Vamos juntos gritar, girar o mundo.
Chega de violência e extermínio de jovens!”
Pe. Gisley Gomes de Azevedo


Por Fábio Ferreira
Diocese de Barreiras (BA) reuniu quatro vicariatos na
abertura da Campanha

Com apresentações culturais e denúncias das violências praticadas contra os jovens, a Pastoral da Juventude da diocese de Barreiras (BA) realizou a abertura da Campanha Nacional Contra a Violência e o Extermínio da Juventude. O evento aconteceu dia 21 de abril, na casa da cultura, e reuniu grupos de base dos vicariatos I, II, III e IV.

O evento deu-se inicio às 15h na Casa da Cultura e terminou às 19h30min na Praça Castro Alves, e foi marcado por muitas apresentações culturais relacionadas a temática, desenvolvida pelos grupos de base da Pastoral Juventude da diocese e pelo Coral Juvenil Amigos de Jesus da Paróquia Santa Luzia..

Fizeram-se presentes o professor Paulo Baqueiro, representante da Comissão de Paz do município e do Conselho das Comunidades, trazendo os dados da criminalidade da juventude nos municípios do oeste.

Danillo Grindatto, coordenador do CDCA, relatou a experiência com o projeto semi-liberdade. Osmir Novais, membro da comissão da Campanha, apresentou os anseios e os objetivos da Campanha.
Ir Ivani, representando a diocese, deixou claro a necessidade e a importância de abraçarmos esta causa. Eric Gamaliel, articulador do Sub Regional das PJs, apresentou algumas ações que a pastoral está tomando diante da temática.

O grupo JOCA apresentou um vídeo falando sobre a dificuldade de ingresso ao mercado de trabalho pelos jovens, temática desenvolvida ao longo da Semana da Cidadania 2010.

Também participaram do vento as congregações das Irmãs da Caridade de Ottawa, do Sagrado coração de Jesus, de Franciscana Maria e Nossa Senhora da Gloria de Santa Rita e o seminarista Jocleilson, além do coral Coral Juvenil Amigos de Jesus, da Paróquia Santa Luzia.

As informações são da equipe da Campanha que é composta pelos jovens Wesley Santos, Kátia Cardoso, Marcelo Rocha, Ir. Erika, Gledson dos Anjos, Rony Keito, Osmir Novais, Jonas e Josué.

Por Wesley Santos - Contato: wesley-pj@hotmail.com

PJ da Diocese de Ilhéus-BA realiza Congresso

A Pastoral da Juventude da diocese de Ilhéus realizou seu I° Congresso durante os dias 16, 17 e 18 de julho na cidade de Gangú-BA.

O tema “Juventude, Fé, Cidadania e Direitos Humanos”, e o lema: “Um jeito de ser e fazer”, foi abortado durante os três dias de atividades.

Felipe Freitas, Presidente do CEJUVE - Conselho Estadual de Juventude da Bahia abordou o eixo I: ‘Direitos Humanos e Campanha Contra a Violência e o Extermínio de Jovens’. No debate deste eixo os jovens presentes expressaram sobre a realidade de cada um; a indignação por falta de políticas públicas para a juventude.

No eixo II, “Pastoral da Juventude e a Civilização do Amor”, Maicelma Maia, articuladora da PJB do Regional Nordeste III, enfatizou a beleza da PJ na vida de tantos jovens, como expressão de referência e opção no anuncio da Boa Nova.

O eixo III, que seria abordado por Dom Mauro Montagnoli, bispo da Diocese de Ilhéus, teve que ser cancelado por conta do falecimento do Padre João Borges conhecido como Pe. Dão (Paróquia Santíssima Trindade, Diocese de Ilhéus) que caminhou junto a Pastoral da Juventude como muito carinho e dedicação. Assim, foi realizado um momento orante em memória ao Padre Borges.

No domingo pela manhã foi celebrada a Missa de encerramento e depois dos informes foi feito um grande círculo para a oração do congresso.

Para Kássio Soares, Coordenador Diocesano, “o Congresso foi uma oportunidade de (re)encontro, partilha, e fortalecimento.”

Por Fábio Ferreira
Com informações de Kassio Soares

Juventude é tema de seminário em Salvador (postado em 30/09/2010)

O Seminário Políticas e Juventudes: Novos Olhares e Participações, realizado na última terça-feira, 28, pelo Centro de Referência Integral de Adolescente (CRIA), Instituto Aliança e a ONG Comunicação Interativa (CIPÒ) discutiu a importancia do Plano Estadual de Juventude e da PEC da Juventude para assegura o direito dos jovens . O encontro aconteceu na sede do Conselho Estadual de Cultura da Bahia na Av. Sete de Setembro.

O evento reuniu pesquisadores e instituições engajadas com as políticas públicas de juventude. Participaram do Seminário o presidente do Conselho Estadual de Juventude (Cejuve), Felipe Freitas, a coordenadora institucional do CRIA, Eleonara Rabelo, a pesquisadora da área da participação, controle social e juventude da Fundação Luís Eduardo Magalhães (FLEM), Viviane Kênia e a orientadora da área de Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos do CRIA, Cássia Lima.

A coordenadora Eleonara Rabelo, falou sobre a importância da presença dos jovens para efetivação do Plano Estadual de juventude. “A criação do Plano assegura a promoção das políticas públicas para os jovens. É necessária uma participação efetiva para isso”.

O Plano Estadual de Juventude (PL 18.532/2010) é um marco legal que está emtramitação na Assembléia Legislativa (AL) acerca dos direitos dos jovens. De acordo com o presidente do Cejuve, Felipe Freitas, “temos que divulgar e convencer as pessoas que o Plano de Juventude é fruto do nosso próprio esforço”.

“Queremos dar visibilidade ao Plano Estadual de Políticas Públicas para a Juventude, no sentido de ampliar o conhecimento sobre suas ações, diretrizes e políticas para seu fortalecimento”, ressaltou a orientadora da área de Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos do CRIA, Cássia Lima.
O presidente falou ainda da importância da PEC – Emenda Constitucional nº 65, insere o termo jovem no capítulo dos Direitos e Garantias Fundamentais da Constituição Federal – segundo Freitas, ela é uma conquista para toda juventude brasileira. “Com a PEC da Juventude, o governo vai precisar compreender a juventude como segmento estratégico para o desenvolvimento do Estado”.

Os participantes discutiram ainda temas como educação, violência, saúde, direito à comunicação e políticas afirmativas. Segundo Iracema Nascimento do CRIA, as comunidades que trabalham na prevenção da violência, precisam fazer uma ação conjunta para vencer a violência. Ela disse ainda que “essa juventude que está aqui [no Seminário], faz parte de uma mobilização política que é válida, pois vai poder levar para quem está de fora”.

Antonia Borges























(Material publicado no site da Campanha Nacional)
http://www.juventudeemmarcha.org





















Perfil da violência contra a juventude no
Brasil e na América Latina

De acordo com o Mapa da Violência , apresentado em 2008, os jovens latino-americanos são os que mais sofrem com a violência. O Brasil e a Colômbia são os grandes focos. Comparado com os países da Europa, o índice de violência entre toda a população é 16 vezes maior.

Relacionando os dados entre os jovens, esta estatística sobe 31 vezes. O perfil da violência juvenil apresentada pelos meios de comunicação sempre foca na vítima que morre por assassinato e, este sendo referido como um “mau elemento”, que devia mesmo morrer e que já fora tarde.

Há poucos espaços de discussão que envolvem a sociedade civil e outras organizações num debate sobre a realidade e os desafios de “ser jovem” nos dias atuais. Os poucos espaços existentes não trazem os jovens como sujeitos de direitos e deveres, mas como culpados, como alvo de punição.
Recentemente, uma pesquisa realizada pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) em parceria com o Observatório de Favelas, apresentou uma estimativa da quantidade de adolescentes e jovens entre 15 e 19 anos que poderão ser mortos no período de 2006 a 2012.

O número é alarmante: cerca de 33.503 (trinta e três mil quinhentos e três). O homicídio é a causa de cerca 46% das mortes de adolescentes e jovens. Outro dado importante e que exige novos estudos e uma atenção especial é a migração da violência para cidades de médio porte.



Há anos atrás eram as capitais brasileiras os focos dos altos índices de homicídios, como Rio de Janeiro e São Paulo, recorrrentes campeãs em números de homicídios juvenis. Hoje, se
considerarmos a proporcionalidade referente ao número de habitantes do lugar, as cidades mais violentas estão no interior dos estados.

Um dado relevante que devemos destacar é que a maioria dos jovens mortos é negra. A probabilidade de um jovem negro ser assassinado é 2,6 vezes maior do que um jovem branco, o que confirma o racismo como eixo estruturador das relações de poder na sociedade brasileira, bem como confirma a dimensão de gênero pela qual é do sexo masculino a maioria do número de mortes violentas no país. Segundo a mesma pesquisa, realizada pela UERJ, a probabilidade da morte violenta na juventude é 12 vezes maior entre jovens do sexo masculino, ou seja, os jovens que morrem têm cor, sexo e endereço.

É preciso, de uma vez por todas, pensar em ações que gerem oportunidades aos jovens, especialmente aos negros e mais pobres e excluídos da nossa sociedade.


Edgar Mansur






As vítimas da violência tem idade, classe social e cor

Surpreendentemente a juventude é encarada como protagonista da violência no país. A inversão dos fatos assombra, sendo que na grande maioria das vezes é a Juventude vítima das violências.
Para além da violência física cometida pelos governos repressivos, o racismo, o machismo, a homofobia, a discriminação com a juventude, são expressões da violência psicológica contra as ditas minorias sociais, os principais alvos da segregação social: mulheres, negros, indígenas, homossexuais, empobrecidos e jovens.

O racismo, por exemplo, é encarado como superado pelo senso comum e pela grande mídia. Será mesmo? A realidade das universidades comparada à realidade dos presídios, não seria o racismo materializado? A discriminação social e racial transcendeu os muros ideológicos, agora também é coisa concreta: dividem objetivamente a sociedade, tornando os presídios cada vez mais pobres e mais negros, e as universidades, mais brancas e mais ricas, por exemplo.

“Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado”.

A nossa história está marcada pela violência dos poderosos contra os mais fracos, por isso ainda reflete o extermínio. Ela se inicia com o massacre de índios, com a exploração da mulher pelo homem, com a escravidão dos e das negras, concebidos todos e todas como coisa, não gente.
Segundo Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros - 2008, entre 1996 e 2006 o índice de homicídios na população jovem teve um aumento de 31,3% enquanto na população total foi de 20%.
A pobreza tem cor, e no Brasil ela é negra. Os negros apresentam um índice de vitimização 73,1% superior aos brancos na população total e 85,3% superior na juventude.
A violência contra os povos indígenas, ocorrida entre os anos de 2006 e 2007, aumentou mais de 60%, sendo a maioria jovens. A falta de demarcação das terras indígenas continua a ser o principal problema
gerador de conflitos.

Sete milhões de jovens brasileiros, o dobro da população do Uruguai, não trabalham nem estudam. Se verificarmos a faixa etária nos presídios



brasileiros, como afirma a Pastoral Carcerária, vamos constatar que os presos são em geral jovens, pobres, analfabetos e negros. Entretanto, a CNBB, no Texto-Base da CF 2009, nos alerta para as injustiças geradas ao associar pobreza à violência, pois, vemos que ela se manifesta em todas as camadas sociais, embora, seja a classe pobre a que mais sofre discriminação, sobretudo os jovens que muitas vezes são rotulados como delinqüentes, são excluídos e marginalizados.

Nossos jovens estão sendo exterminados dentro e fora dos presídios, “só no Distrito Federal, segundo dados do Ministério Público, entre 2003 e 2005, 178 jovens foram mortos enquanto cumpriam medida sócio educativa”. A realidade das penitenciárias brasileiras desumaniza as maiorias que não têm poder político ou econômico que lhes assegure gozar de privilégios, ao invés de reabilitar, funcionam como escolas do crime e promovem a violência.

A juventude, negra, indígena, branca, mulher e homem, homo e heterossexual, trabalhadora e desempregada, estudante e sem escola/ universidade, é capaz de reverter a lógica da violência, da exclusão étnica e social. Organizar-se, ocupar os espaços, movimentar as cidades, o campo, as escolas, reivindicar direitos, propor mudanças estruturais e urgentes, ideológicas e objetivas. Somente a própria juventude é capaz de combater as violências que a extermina.

Por acreditar nisso, as Pastorais da Juventude do Brasil – PJB está promovendo em todo o país, uma grande Campanha contra a violência e extermínio de jovens, em consonância com a Campanha da Fraternidade 2009 que propõe o debate sobre segurança pública. Todos/as são convocados a entrar nesta luta em defesa da vida!

Tábata Silveira - Estudante de Direito
PJE – Sapucaia do Sul – RS e Secretária Nacional
secretaria@pjebr.org

Maria Aparecida de J. Silva - Bacharel em Teologia pelo ISTEPAB – Instituto Superior de Teologia e Pastoral de Bonfim – Bahia e articuladora Nacional da PJB - pjb@cnbb.org.br


Os 7 Pecados Capitais – na Segurança Pública da Bahia

Mais um jovem com sonhos e um belo futuro abatido em Salvador. Dessa vez na comunidade de São Cristóvão, conhecida como Planeta dos Macacos não por acaso, mas pelo seu contingente populacional negro.

Os negros são mortos como insetos e a cada feriado ou final de semana as estatísticas parecem que nos desafiam a alguma ação. Parece que são os números que nos cobram.
Temos tabulado tantos corpos que já perdemos as contas.

A mãe de Diego de Jesus Sampaio, 17 anos, nos recebeu em sua casa. Reuniu as forças que podia e nos pediu justiça, para que lutemos, para que outra mãe não chore como ela.

Atravessamos a cidade em meio a uma chuva torrencial, pouco preocupados com a epidemia de dengue que nos ameaça tanto quanto a violência, saltamos os buracos e os esgotos a céu aberto, tínhamos que cumprir uma missão quase inútil dada a gravidade dessa outra epidemia que nos assola com farda de policia e distintivo oficial.

Oferecemo-nos para repercutir, denunciar, gritar e articular uma reação pela cidade. Diego foi morto covardemente, depois de uma sessão de tortura. Foi alvejado várias vezes. O corpo foi conduzido por seu algoz até uma guarnição policial. Seus documentos foram destruídos e,sob a alegação de que ele era bandido, foi mandado como indigente ao hospital.

Seu algoz foi blindado pela policia. Comerciante já conhecido por suas ações de vigilante e crimes confessos do qual foi liberado pela justiça. Mais uma vez um crime motivado pelo ódio racial. Diego era estudante, tem família, era surfista e lutou horas no hospital pela sua vida.

Exigimos do governador que dê respostas a mais uma mãe que se
debruça sobre o cadáver de seu filho adolescente e reflita sobre os sete pecados que têm sido cometidos pelo seu governo no trato com a segurança pública, quais sejam:

1- A Ira da policia nos bairros populares de maioria negra. A


criminalização de populações inteiras submetidas a constrangimento, atos de violência, desrespeito e morte. Nada sugere uma suspensão dos atos arbitrários. Os fatos dão prova de que tudo vai piorar.

2- A soberba dos governantes que não dialogam com a população e apresentam planos mirabolantes para nossa segurança sem nos consultar. Como o programa Nacional de Segurança Publica com Cidadania, que para nós não passa de um Data Show que investe mais recursos em repressão do que em prevenção e tem tido o efeito de calar a boca de muita gente que poderia se pronunciar ante essa guerra que ceifa nossas vidas.

3- A avareza que impede muitas ONGs de se pronunciarem para não perder os vultosos recursos que se oferecem a cada cadáver que tomba de nosso lado da ponte. São os projetos para carentes e os intermináveis debates, seminários e encontros que se promovem em hotéis de luxo, onde se pratica...

4- ... a gula: conversam muito e vão para os coquetéis oferecidos com muito luxo e pompa deixando muita gente boa empanturrada e satisfeita, sentindo-se importante por que, de tempos em tempos, alguém vai para a televisão dizer que os negros estão fazendo algum progresso num governo democrático e popular, maquiando cinicamente os dados de nossa desgraça cotidiana.

5- Luxúria: "Lúdico, Lúgubre e Luxurioso". Segundo o jornalista Dr. Fernando Conceição, estes são os três “eles” que nos etiquetam. Assim somos vistos pela elite tacanha e neocolonialista brasileira. Como lúdicos, divertidos, que podem elevar as divisas e arrecadações cantando, dançando e até celebrando o turismo étnico baiano. Somos todos coletivamente "Lúgubres", monstruosamente perigosos, insanamente bárbaros e nos matamos enquanto nos embriagamos nas favelas; e somos "Luxuriosos" porque sexualmente desregrados, com bundas oferecidas às fantasias de europeus ávidos por sexo.

6- A vaidade tem sido a tônica, o motor e a marca dessa segurança que em nada mudou nessa nova gestão. Mantém os mesmos quadros da polícia , muitos envolvidos com a tortura e a violência, citados em CPIs . Mais fortes em seus cargos de comando mandando praças e agentes para fazer o trabalho sujo, reproduzindo a lógica escravocrata de nos matarmos para ter "status" com o senhor. É um Narciso que se acha belo, mas com a mesma imagem de 16 anos atrás. É o que pensamos e vivemos nas vilas , favelas e presídios. Nada mudou.

7- Preguiça é o mal que tem afetado muita gente boa que lutou a nosso lado. Pessoas em quem apostamos nossas esperanças e agora se calam entre os senhores da Corte, assistindo ao extermínio de seu próprio povo; ou mesmo covardia, que não é exatamente um pecado capital cunhado no Vaticano, mas merece pena.

E, por fim, o silêncio que nos ronda já faz tempo, e é perigoso para um projeto do ponto de vista dos negros para o Brasil.

A Mãe de Diego pede justiça e nós nos apresentamos com o que temos. A alma de Diego se junta às almas de Edvandro Pereira, Clodoaldo Souza, Aurina, Djair, Ricardo e tantos outros tombados na guerra injusta.

Hoje (03 de maio),às 16 horas, nós o sepultaremos e seu corpo será coberto por lágrimas e esperança. É tudo que nos resta, por hora.


Hamilton Borges Walê - Militante/Poeta
Unicef: 33 mil jovens podem ser assassinados em 7 anos

Brasília - Nos próximos sete anos, 33 mil jovens entre 12 e 18 anos poderão morrer assassinados nos 267 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes. A conta, apresentada hoje em um estudo preparado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), mostra ainda que, nessas cidades, a cada mil adolescentes de 12 anos, dois devem morrer de forma violenta antes de chegar aos 18.

Esse índice, no entanto, sobe muito quando se analisa as 20 cidades com maiores taxas de mortalidade jovem no País. Em primeiro lugar aparece Foz do Iguaçu (PR), em que 9,7 a cada mil jovens de 12 anos devem morrer antes dos 18. Em segundo lugar está Governador Valadares (MG), com 8,5 por mil. Entre as capitais, a primeira é Maceió (AL), que aparece em 9º lugar, com 6 por mil, seguida por Recife (PE), com a mesma taxa. No entanto, à capital pernambucana se somam cidades da sua região metropolitana, como Olinda (4ª colocação) e Jaboatão dos Guararapes (8ª). São Paulo aparece apenas na 151ª posição e é a 24ª entre as capitais. De acordo com os autores do estudo, essa colocação da capital paulista é por conta da redução nas taxas gerais de mortalidade ocorridas desde 2001.

"O perfil desse jovem que morre assassinado é negro, de baixa escolaridade, morador de área carente. Um jovem negro tem 2,6 vezes mais chances de morrer assassinado que um branco; um homem adolescente, 12 vezes mais chances que uma menina", explicou Ignacio Cano, pesquisador da Uerj responsável pelo índice.

O representante adjunto do Unicef no Brasil, Manuel Bunovich, afirma que o Brasil desperdiça o investimento feito em anos de redução de mortalidade infantil com as mortes na adolescência. "Entre 1990 e 2007, o número de mortes até cinco anos caiu de 137 mil por ano para 51 mil por ano. Mas 65% desses jovens estão deixando de morrer na infância para morrer na adolescência", afirmou.
(Lisandra Paraguassú)
Mídia, violência, juventude e esperança

"A mídia ensina - excita, vende, distrai ,orienta, desorienta, faz rir, faz chorar, inspira, narcotiza, reduz a solidão - e num paradoxo digno de sua versatilidade, produz até incomunicação".

O debate sobre a influência da mídia na vida das pessoas não é novo; há tempos a sociedade brasileira já se deu conta que a grande mídia participa da formação das consciências, da construção do senso comum, das tomadas de decisão, especialmente, dos rumos do país. Por isso, é preciso dizer com objetividade: é a mídia uma das principais responsáveis diretas pela criminalização da juventude brasileira e, indiretamente, pelo seu extermínio – falamos especialmente da juventude negra e pobre.

As mulheres também são vítimas recorrentes, tendo seus corpos vendidos como objetos de consumo masculino. Um estereótipo é criado e são excluídas as que não o obedecem. Mulheres, na mídia, se convertem em mercadoria. E a juventude, como um todo, é evidenciada como uma das principais culpadas pela situação de violência do país, mesmo sendo sua principal vítima.

Contudo, é necessário que não percamos de vista um aspecto: a grande mídia é uma empresa. Como qualquer empresa, objetiva o lucro. O produto que vende são as propagandas, ou seja, tudo aquilo que aparece nos intervalos comerciais, pois, como sabemos são essas empresas que financiam a tevê, os jornais, as rádios.

Todo o conteúdo é eleito por um grupo muito pequeno de pessoas. São normalmente homens, brancos, adultos, de classe alta. É desse lugar que propõem o que passará nas rádios, nos jornais, na tevê. Ou seja, a definição do conteúdo da mídia passa longe da imensa maioria dos expectadores brasileiros, os pobres, as mulheres, os/as negros/as, os/as jovens, os/as operários/as. Os que decidem, decidem-no tendo como parâmetro o que dará mais audiência. Quanto mais o conteúdo é impressionante, aterrorizante, cruel, sangrento tanto mais o público se interessa, assiste e tanto mais a grande mídia fatura.

Interessante perceber que a situação atual do país favorece os grandes. Aí entendemos os seus esforços em manter as coisas como estão e em responsabilizar os jovens e os demais oprimidos por sua condição. E a vida das pessoas que têm seus dramas – mortes, assaltos, seqüestros, violências – televisionados, são profundamente desrespeitadas. Com os fatos distorcidos, suas vidas se transformam em ficção para prender as pessoas em frente ao televisor.

Vale recordar também os inúmeros casos que não são veiculados, mesmo sendo de profundo interesse social, como é o caso das tantas mortes diárias de jovens, especialmente negros, nas grandes periferias brasileiras, por violência policial. A mídia dominante que temos hoje não tem a preocupação de denunciar as injustiças para melhorar a vida das pessoas. A mídia quer vender, quer lucrar. Está a serviço daquela pequena elite econômica que domina a sociedade em nome de seus próprios privilégios e, portanto em nome da negação dos direitos de quase todos/as.

Mesmo assim, é preciso lembrar: a mídia pode cumprir um papel transformador da realidade. Com todo o seu potencial comunicador, ela pode ser ferramenta de cultura, de educação, de lazer, de informação, de mobilização, de vida. Não podemos compreendê-la como fato determinado; ela é assim e pronto. A sua transformação passa, em primeiro lugar, pela compreensão de que mudar é possível. São muitas as iniciativas fecundas em usar a comunicação como instrumento de resistência, de organização e de informação contextualizada, pela a libertação dos povos e pela construção de um mundo democrático e justo.

Tábata Silveira


Na Bahia, a juventude negra na mira

Entre janeiro e setembro de 2008, 1450 pessoas foram mortas pela polícia baiana; maioria é jovem, pobre e afrodescendente

"Ninguém se comove quando o corpo que está no chão é negro. Corpo negro no chão não gera comoção em ninguém". Com esse desabafo, Lio N'Zumbi,integrante da Associação de Familiares e Amigos de Presos e Presas da Bahia (Asfap-BA) e do Movimento Reaja ou Será Mort@, resumiu o sentimento da população pobre e negra da Bahia frente à violência policial. O assunto foi tema da segunda sessão do Tribunal Popular, realizada no dia 4, em São Paulo, e que tratou da perseguição e do extermínio da juventude negra no Estado.

N'Zumbi, que foi o acusador da sessão, relatou que, sob o argumento de disputas entre traficantes, centenas de jovens são executados nas periferias baianas, a maioria com o mesmo perfil: jovens negros, entre 15 e 29 anos, com baixa escolaridade. Para ele, no entanto, o que ocorre é um verdadeiro extermínio, posto em prático por policiais e, de forma crescente, por grupos paramilitares: "Existe uma pena de morte que não está na nossa Constituição, mas que na prática existe, executada por agentes do Estado".

De acordo com dados da Asfap-BA, entre janeiro e setembro de 2007, 660 pessoas foram assassinadas pela polícia. No mesmo período de 2008, esse número dobrou, passando para 1450 mortos. A maioria das vítimas, segundo a Associação, nem mesmo tinha antecedentes criminais.

A violência, conforme os depoimentos das vítimas, tornou-se mais visível no ano passado, quando voltou a funcionar a Polícia da Caatinga (também chamada de Polícia do Sertão). Essa força, que perseguia o bando de Lampião na Caatinga nordestina, tem como lema "Pai faz, mãe cria e a polícia do sertão mata", frase que, inclusive, está estampada em suas viaturas.


Sistema carcerário
A sessão também abordou as más condições do sistema carcerário baiano, com ênfase na colônia penal Simões Filho. Além de ter sido construída em área de quilombo, o que é ilegal, a unidade localiza-se a menos de 400 metros de alguns dutos de produtos químicos do Pólo Petroquímico de Camaçari, que liberam gases tóxicos.

De acordo com um relatório lido por estudantes de Direito da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), são indignas as condições dos presos, que não têm acesso a sistema de saúde e alimentação adequada. Em conseqüência disso, eles morrem de doenças que, hoje, são facilmente evitáveis, como tuberculose e diarréia.

Além de torturas sistemáticas e humilhações, inclusive contra familiares, o relatório alerta para a retaliação sofrida pelos internos, por meio de espancamentos e transferência para presídios de segurança máxima. Segundo parentes dos presos, já circulava na Bahia a informação de que, em represália à participação de mulheres de detentos no Tribunal Popular, vários deles seriam transferidos para unidades mais severas.


Ações concretas
Para N'Zumbi, o Tribunal conseguiu dar voz àqueles que, historicamente, são obrigados a se manter calados. "Viemos como acusadores, mas também como testemunhas e potenciais vítimas. ? a cor da nossa pele que define isso", destaca.

A opinião é compartilhada pelo também integrante da Asfap-BA, Hamilton Borges, que avalia que o Tribunal alcançou sua meta: "Cumprimos o objetivo de mostrar a situação de violência na Bahia. E os fatos não foram revelados por pesquisadores ou pessoas que estudam a violência, e sim por pessoas diretamente expostas a ela", avalia.

Borges também explica que, além da punição moral, as entidades estão discutindo ações concretas contra o Estado, em parceria com os pesquisadores e juristas que compareceram ao julgamento, a fim de que as denúncias não caiam no esquecimento. "Não se pode esquecer dessas pessoas, são vidas de pessoas que estão jogadas aqui, tem que fazer alguma coisa concreta, deve-se buscar reparação para essas pessoas aqui expostas".


Relato de um sobrevivente
A violência contra K.A. deixou marcas bem maiores do que somente uma lembrança ruim. No seu corpo, ainda se alojam duas balas, uma delas na medula, que pode deixá-lo tetraplégico.

K.A.foi baleado em março do ano passado. Junto com ele estava C.S.S., seu companheiro de movimento hip-hop e da Campanha Reaja ou Será Mort@. O primeiro conta que os dois estavam andando em uma rua de Salvador quando foram abordados por policiais militares em uma viatura, que pediram para os jovens levantarem a camisa para ver se estavam armados.

Momentos depois do veículo partir, eles foram abordados por dois homens, armados e à paisana, que os obrigaram a se ajoelhar, colocar as mãos na cabeça e tirar os bonés. K.A. e C.S.S. tentaram explicar que não haviam feito nada, mas, em seguida, os homens começaram a atirar. "Não deu tempo para se defender, chegaram atirando, chegaram na maldade, foi um ato de covardia mesmo. Eles ainda disseram 'e agora, negão, cadê vocês?'", relata K.A.

Ele levou três tiros, mas caiu consciente. Quando uma viatura chegou para socorrê-los, os policiais afirmaram que tratava-se de um caso de guerra entre gangues rivais. A comunidade, no entanto, não deixou que K.A. fosse levado pela polícia. "Todo mundo sabe disso lá, eles dão socorro mas acabam matando no meio do caminho, dizendo que a gente revidou", diz.

A espingarda calibre 12, que foi usada contra K.A., foi levada pelos PMs que tentaram socorrê-lo. A arma, porém, desapareceu depois. C.S.S. não sobreviveu aos tiros. Já K.A. ficou com seqüelas e hoje caminha com dificuldades. "O que eles fizeram não vai ser pago, porque eu não sou mais o mesmo desde que aconteceu isso. Eu estou com alguns problemas, mas C.S.S. perdeu a vida dele”.

Além de nunca ter recebido qualquer assistência do governo, nem mesmo passe livre, ele passou a ser perseguido e a sofrer ameaças, por ser testemunha da atuação de grupos de extermínio em Salvador.


Tentativa de suborno
Dona E., que teve o filho de 13 anos morto pela polícia, recebeu, em agosto deste ano, uma visita inesperada quando chegava do trabalho. Na porta de sua casa estavam três viaturas, policiais armados e um delegado de polícia, sem mandado, a fim de intimidá-la. Dona E. relata que, sem qualquer razão, o delegado bateu em seu rosto e a ofendeu, na frente de sua família.

Ela também conta que, ao tentar registrar queixa na delegacia onde atuava o delegado, os policiais avisaram que não iria adiantar. No entanto, o procedimento foi realizado, apenas com informações do delegado, que alegou que Dona E. havia tentado agredi-lo.

Para piorar, ela ainda denuncia uma tentativa de suborno. "O delegado tentou me convencer que aquilo não iria dar em nada e depois tirou cem reais e me deu. Eu disse que não iria aceitar, porque aquilo não iria pagar a humilhação que eu sofri e as pancadas que ele me deu", afirma.

Depois de recusar o dinheiro, ela recebeu um “alerta” do delegado: "E disse que me mataria, que mataria meus outros filhos, mataria minha mãe e toda a minha família". Por causa das ameaças, Dona E. não dorme mais direito à noite, com medo que a polícia invada sua casa.

Em seu depoimento no Tribunal, ela pediu providências para as arbitrariedades das forças se segurança. "Eles são acostumados a fazer isso, não falo só por mim, que já sofri minha violência. Um jovem é morto do nada e acaba sendo enterrado como marginal, e a maioria nem marginal é. Eles chegam matando e não querem saber", conclui.(PB)


10/12/2008
Brasil de Fato
Casos de homicídios são mais freqüentes entre jovens
Entre 1996 e 2006, os homicídios na população brasileira de 15 a 24 anos de idade passaram de 13.186 para 17.312, representando um aumento de 31,3% em dez anos. O crescimento foi bem superior ao experimentado pelos homicídios na população total, onde o aumento foi de 20% nesse período.
Os dados são do Mapa da Violência 2008, estudo lançado pelo Instituto Sangari, o Ministério da Justiça, o Ministério da Saúde e a Rede de Informação Tecnológica Latino Americana (RITLA). O estudo, com dados referência até 2006, analisou a situação e a evolução da letalidade violenta nas unidades federadas do país, nas 27 capitais e nas 10 regiões metropolitanas tradicionais.
A pesquisa dividiu os municípios estudados em três listas, de acordo com taxas de homicídios na população jovem, número de homicídios juvenis e maiores índices de vitimização juvenil, entendendo como vitimização a proporção de homicídios juvenis em relação ao total de homicídios no município.
Segundo o Mapa 2008, na lista dos 100 municípios com as maiores taxas de homicídios juvenil, os municípios pesquisados nos estados de Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Pernambuco representam acima de 70% do total de homicídios juvenis acontecidos no estado. Em seu conjunto, esses 100 municípios, que representam 1,8% do universo, congregam 2,5% da população, o que significa que não são somente municípios de grande porte, mas concentram 35% dos homicídios juvenis acontecidos no país no ano de 2006.
Já os 200 municípios com maior número de homicídios juvenis correspondem a 3,6% do total de municípios das unidades. Eles concentram 47,3% da população do país - municípios de grande porte - e 79,5% dos homicídios juvenis acontecidos no ano de 2006.
Alguns estados como Acre, Amapá, Amazonas, Piauí, Rondônia, Roraima, Sergipe e Tocantins têm escassa ou nula participação nessa lista. Já estados como São Paulo (40 municípios), Rio de Janeiro (24) e Pernambuco (16) destacam-se pelo elevado número de municípios integrantes dessa listagem.
Outro enfoque dado pelo estudo foi a listagem dos 200 municípios com os maiores índices de vitimização juvenil. Nesse caso, foi utilizado como medida de vitimização a proporção de homicídios juvenis com relação ao total de homicídios acontecidos num determinado ano - 2006 - e numa determinada área geográfica - o município.
A análise levou em conta que os jovens, em média, representam algo em torno de 20% da população total, fato indicativo de que, se o índice ultrapassa significativamente essa proporção, há um expressivo número de municípios populosos, com índices de vitimização acima de 50%, isto é, municípios onde mais da metade das vítimas de homicídios foram jovens.
Já se o índice gira perto de 20%, pode-se dizer que é um problema que afeta a juventude também ao restante da população. E se a proporção excede significativamente esse patamar de 20%, pode-se afirmar que existe elevada dose de vitimização da juventude.
Mapa

O primeiro Mapa da Violência foi divulgado no ano de 1998, com o objetivo de gerar indicadores de abrangência nacional sobre o tema da violência letal e da criminalidade. Produzido a cada dois anos, o estudo possibilita ponderar a situação e a evolução da mortalidade violenta nos diversos locais do Brasil, permitindo a elaboração e avaliação dos planos e estratégias de enfrentamento da violência no país.
O Mapa tem também servido de subsídio para a formulação dos planos e programas dirigidos à juventude nas diversas esferas e insumo para a elaboração de relatórios nacionais e internacionais na área.


PORQUE SOMOS CONTRA O TOQUE DE “ACOLHER”?

1 – Porque fere o direito de ir e vir das crianças e adolescentes, é INCONSTITUCIONAL
Conforme parecer do CONANDA (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), a limitação de horários ao trânsito de crianças e adolescentes pela cidade fere o art. 5º, inciso XV da Constituição Federal e art. 16º, inciso I do Estatuto da Criança e dos Adolescentes (direito de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários). O Toque de “Acolher” impede que meninos e meninas estejam nos espaços públicos destinados à convivência e livre circulação criando limites às liberdades desses adolescentes com base numa presunção de que a simples permanência na rua fora de determinado horário supõe uma justificativa a limitação da liberdade.

2 – Porque não reduz a violência
Apesar do que afirmam os defensores do toque de “acolher” não há qualquer pesquisa que aponte a redução da violência a partir da adoção da medida. As “pesquisas” apontadas dizem respeito aos registros policiais que não podem ser indicados como índices de aumento ou redução da violência juvenil. A aparente redução da violência é apenas a redução do número de registros policiais, inclusive porque com o projeto o registro passa a ser administrativo no âmbito do Conselho Tutelar não havendo, portanto, nenhum estudo consistente que sustente a fala dos que dizem que o toque de “acolher” reduz a violência.

3 – Porque resulta em criminalização de meninas e meninos negros e pobres
O toque de “acolher” resultará em mais violência contra os negros e pobres, vítimas do racismo e da discriminação, que serão potencialmente indicados como perigosos e expostos ao discurso da “situação de risco”, através das lamentáveis políticas de recolhimento que, como ressalta o CONANDA, lembram as tristes carrocinhas de menores.
Por meio do argumento de que estão “protegendo” os adolescentes essa iniciativa busca, na verdade, completar o vício escravista de setores da sociedade brasileira que apenas apreenderá meninas e meninos pretos e pobres expondo-os através dessas medidas a um perverso ciclo de violações que terá como grande propósito estigmatizá-lo como criminosos.

4 – Porque o ECA já prevê as formas de atendimento a crianças em situação de risco e/ou de abandono seja durante o dia ou durante a noite
Do art. 98 ao 101 do ECA estão previstas as chamadas, medidas de proteção que devem ser acionadas sempre que, de dia ou de noite, uma criança ou adolescente esteja sendo ameaçada em seus direitos por ação ou omissão do Estado, pais ou responsáveis ou mesmo em razão da própria conduta da criança. Ou seja, já existe lei referente aos casos de crianças em situação de abandono ou ameaça a direitos.
Desta forma, não há sentido privar a liberdade dessas crianças quando o próprio Estatuto já indica o que fazer do ponto de vista pedagógico, psicológico e social sendo descabido falar em lei que busque a privação de liberdade (ainda que temporária) dessas crianças e adolescentes.

5 – Porque o papel da polícia e dos Conselhos Tutelares é educar crianças e adolescentes e garantir os seus direitos não colocá-los em situação de perigo e privação de liberdade
A Constituição Federal veta a penalização de menores de 18 anos todo país. Deste modo, as medidas adotadas em relação a crianças e adolescentes são medidas sócio-educativas, com o objetivo de produzir inclusão social reconhecendo os princípios da proteção integral desses meninos e meninas bem como a sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
Deste modo, a utilização da polícia, dos Conselheiros Tutelares ou dos Comissários do Juizado da Infância e da Adolescência na tarefa de punirem as crianças e adolescentes que eventualmente estejam na rua fora do horário previsto é inconstitucional por inúmeros motivos.
Além de confrontar com o art. 228 da CF, pois verdadeiramente se constitui na criação de uma “pena” para esses meninos, representa ainda um desvio de função posto que Conselheiros Tutelares e Policiais (civis ou militares) devem é zelar pela integridade e pela garantia dos direitos de crianças e adolescentes e não tirar-lhes a liberdade sob a anuência do Estado.

6 – Porque interfere no direito da família a decidir sobre a educação dos filhos
Assim como prevê o art. 100, X, do ECA, é da família a prioridade na promoção dos direitos e na proteção dos filhos, sendo ilegal uma interferência tão grande como a que propõe o toque de “acolher”.
Ao estabelecer limites para os horários de chegada e saída das crianças e adolescentes de casa o Estado está interferindo na forma com que pais e filhos se relacionam e que constroem os seus limites. Não pode o poder público determinar qual a modalidade que os pais adotarão para educação dos seus filhos só podendo o estado intervir nessa relação quando houve uma evidente ameaça a direitos dessa criança. Ora, ir, vir e permanecer em espaço público não é ameaça a qualquer direito de crianças e adolescentes, pelo contrário é o próprio exercício do direito de locomoção que passa a ser cerceado pelo Estado que tem o dever de garanti-lo
Na hipótese em que a criança ou adolescente esteja em situação de abandono (durante o dia ou a noite) as medidas a serem adotadas são as previstas no ECA como medidas de proteção não sendo cabível falar em privação de liberdade por conta desta condição de abandono.

7 – Porque fere a convivência entre crianças e adolescentes e cria clima de terror no meio da sociedade
A interação social, a utilização do espaço público e a convivência comunitária são fundamentais para a garantia do pleno desenvolvimento de crianças e adolescentes. O toque de “acolher” vai de encontro a essa orientação criando um clima de terror entre os próprios adolescentes e em toda a sociedade disseminando o medo e impedindo a saudável prática da convivência social e da exploração criativa e solidária do espaço público.
As brincadeiras nas ruas, as amizades, o namoro, as práticas esportivas, e mesmo o estudo noturno tudo é ameaçado posto que com a adoção da medida cria-se um clima de terror em que todo o jovem (mesmo os que forem maiores de 18 anos) passa a ser visto como um suspeito em potencial quando sai de casa a partir de determinado horário da noite.

8 – Porque cria estereótipos e aumenta a violência institucional
Esse clima do toque de “acolher”, além de ilegal, resulta em terror social que autoriza implicitamente as autoridades policiais e demais agentes da repressão formal do estado a agirem violentamente sob o argumento que estão a cumprir determinação legal.
Relatos dão conta que, em cidades que por meio de portaria judicial adotaram o sistema, as crianças e adolescentes sentem verdadeiro pavor sempre que um conselheiro tutelar ou viatura policial passam por perto deles, posto que, a conseqüência dessas medidas é espalhar o medo e disseminar um discurso estigmatizador que resulta em mais violência institucional e em risco para a própria integridade desses jovens.

9 – Porque confunde proteção integral com repressão penal o que conflita com o Estatuto da Criança e do Adolescente
O que prevê o ECA é que toda criança e adolescente é um sujeito de direito, portador de uma absoluta prioridade no atendimento do Estado, da família e da sociedade e que deve portanto ser protegido por meio de um forte aparato estatal e social capaz de ampará-lo e promover seu desenvolvimento.
Pelo contrário, o toque de “acolher” consiste em uma punição dos que estiverem nas ruas fora do horário determinado e não na garantia da segurança dos jovens como é necessário segundo o ECA, através de medida de proteção (quando trata-se de caso de abandono) ou de medida socioeducativa (em caso de ato infracional) tudo conforme a atual determinação legal. Não há nada de novo a ser proposto, apenas, que se cumpra aquilo que já diz a lei.

10 – Porque responsabiliza as crianças e adolescentes pela violência nas cidades
Por fim, o projeto responsabiliza os adolescentes e crianças pelo aumento da violência na sociedade. Contudo, todas as pesquisas apontam que não são os adolescentes os maiores responsáveis pelo avanço da violência nas cidades, mas, pelo contrário que eles são em verdade as grandes vítimas de todo esse processo e que é a não garantia dos direitos que marca a vida da maioria daqueles que praticam atos infracionais.

Por cidadania e participação!



NÃO AO TOQUE DE “ACOLHER”.
Feira de Santana – BA, abril de 2010

Assembléia Popular; Campanha Nacional contra a Violência e o Extermínio de Jovens; Conselho de Entidades de Base – UEFS (Diretórios Acadêmicos e Diretório Central dos Estudantes); Consulta Popular; Grupo Direito em Questão – Direito / UEFS; Movimento de Mulheres em Defesa da Cidadania (MONDEC); Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Movimento Negro Unificado (MNU); Núcleo de Estudantes Negras e Negros da UEFS e Pastoral da Juventude (PJ).































































Ciranda pela Vida
http://ciranda.juventudeemmarcha.org/

Um Blog da Campanha Nacional Contra a Violência e o Extermínio de Jovens
Pensando em movimentar cada vez mais a Campanha Nacional Contra o Extermínio de Jovens imaginamos quão bonito será os grupos se reunirem para cantar e dançar a “Ciranda Pela Vida - Contra o Extermínio de Jovens”.
Como é isso?

1. Grave seu vídeo,
e aqui vale toda criatividade com coreografia, ornamentação, figurino, etc.
2. Coloque no YouTube
3. Envie o link para o
e-mail: ciranda@juventudeemmarcha.org


"Ciranda Pela Vida" - Cifra


















Festival Nacional de Música e Poesia da PJ
A Cor da Juventude

http://www.acordajuventude.com.br

A Pastoral da Juventude está promovendo o 1° Festival Nacional de Música e Poesia com o tema “Chega de Violência e Extermínio de Jovens”

O objetivo do festival é chegar a todos os cantos do Brasil, envolvendo o maior número de pessoas, pois é com a Bandeira da Campanha Nacional Contra a Violência e o Extermínio de Jovens que queremos dizer SIM à vida.

Informações: faleconosco@acordajuventude.com.br

“Venha e traga utopia, alegria,
Sorriso nos lábios.
No balaio de sonhos
Tantos rostos, tantas cores,
Tantas mãos,
Eu também digo NÃO à violência.”
Campanha contra o Extermínio de Jovens
em horário nobre (novela Passione)

No último sábado, 02 de outubro de 2010, a novela Passione, da Rede Globo, discutiu a questão da violência das drogas que mata jovens, retratando o caso específico de um jovem de classe alta, com conflitos na família, que se envolve com drogas, entra no mundo do crack e é assassinado. No fundo da cena em que a mãe e o irmão localizam o corpo do jovem no Instituto Médico Legal, é apresentado o cartaz da Campanha Nacional contra o Extermínio de Jovens, mobilizada pelas Pastorais da Juventude da Igreja Católica Apostólica Romana, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, pela Casa da Juventude Pe. Burnier e por várias outras entidades e movimentos sociais.
Sabemos que o extermínio de jovens não é uma ficção, mas é uma realidade brutal que alcança milhares de famílias que choram seus filhos que são empurrados para esta realidade de drogas, de modo especial com o crack. Na sua maioria são jovens do sexo masculino, negros, adolescentes. Esta realidade de morte, muitas vezes naturalizada entre nós, exige de nós uma postura de indignação, de romper com este modelo econômico que ceifa milhares de vida de jovens.
Não sabemos por que a Globo elegeu esta campanha para o momento dramático da mãe que perde o filho. Porém, colabora em afirmar, em nível nacional, no momento de auge do tema que debate sobre a morte de um jovem que foi empurrado pela morte por seu pai (que na novela representa a ganância, a corrupção, a falta de escrúpulos nos negócios e o desprezo da família).
Como a ficção sempre nos remete a uma situação da realidade, creio que a cena oportunizou a muitas mães chorarem junto com ela a morte de seus filhos. Esta é a forças das novelas, trazer para dentro de seu roteiro situações que nós nos identificamos. É também, espaço para provocar o debate de temas que estão nos interiores de nossas famílias e que muitas vezes não vem para o debate público.
As Pastorais da Juventude da ICAR vivem o profetismo de defender a vida do seu povo jovem. A Igreja, seguidora de Jesus, vêm a público denunciar a morte. Esta voz está sendo ouvida. Toda a Igreja é movida, como seguidora do Mestre da vida, a viver a sua condição de profeta que nos é dada pelo batismo.
Vamos assumir, com coragem e denunciar todas as situações de morte da juventude - tráfico humano, drogas, migrações em situações precárias, prostituições forçadas, etc. Vamos dizer sim a vida, não a morte.
Para assistir à cena, acesse o endereço:
http://passione.globo.com/videos/v/stela-e-sinval-vao-ao-instituto-medico-legal/1349394/#/capítulos/20101002/page/3

Por Carmem Lucia Teixeira
Coord. Geral da Casa da Juventude Pe. Burnier - Goiânia/GO

As Atividades Permanentes são parte da ação evangelizadora do conjunto das PJ´s

Possuem caráter ecumênico e missionário e pretendem ser parte de processos de mobilização e nucleação de grupos juvenis nos diversos espaços eclesiais, escolares e populares.

Em 2010, as Pastorais da Juventude propõe que as Atividades Permanentes desdobrem o desafiante tema da CF, Economia e Vida; dialoguem com a Campanha Nacional contra a violência e o extermínio de Jovens e também com o jubileu de 25 anos da celebração do Dia Nacional da Juventude.

Semana da Cidadania
Eixo temático: Trabalho
Tema: Trabalho para a vida e não para a morte
Lema: Juventude: suando e sonhando, em marcha contra a violência
Referencial teológico: “Venham trabalhar na minha vinha, dilatar meu Reino entre as nações” (Mateus, 20)
A Semana da Cidadania propõe o tema do trabalho, tão presente no mundo juvenil. A partir do tema da CF, a SdC inspira os grupos a refletirem o trabalho como modo de construção de sua identidade e produção de sentidos para a vida. Ao mesmo tempo problematizar a mercantilizaçã o da pessoa e de sua força criadora no sistema econômico vigente, provocando-nos a pensar em novas formas solidárias de trabalho.

Semana do Estudante
Eixo temático: Cultura
Tema: Cultura: nossa terra, nossa história e nossos sonhos
Lema: Juventude, muitas caras, muitas cores em marcha contra a violência
Referencial Teológico: “Na comunidade, partilhavam tudo entre si” (Atos dos Apóstolos, 2)
A Semana do Estudante traz um tema também muito próximo da realidade juvenil. Aprofundar o tema da cultura vai possibilitar aos grupos juvenis refletir o espaço comunitário, a beleza e o respeito à diversidade, o valor das culturas locais e do diferente. Enfim, a resistência e a memória, nossa terra, nossa história, nossos sonhos. A SdE continua dialogando com a CF e com a Campanha contra o Extermínio de jovens, por uma cultura da vida.

Dia Nacional da Juventude

Eixo temático: Jubileu 25 anos

Tema: DNJ 25 anos: Celebrando a memória e transformando a história
Lema: Juventude: muita reza, muita luta, muita festa, em marcha contra a violência

Referencial Teológico: “Abra a mão em favor do seu irmão, do seu pobre, na terra onde você está” (Deuteronômio 15)

O Dia Nacional da Juventude 2010 será tempo de dar graças pelos 25 anos, fazendo memória do tempo passado e projetando passos e sonhos para o futuro! Jubileu é tempo de revisar as dívidas, de dar a liberdade! O DNJ nos convida a refletir quais dívidas sociais o Brasil tem com a juventude? Vamos saná-las para um tempo de liberdade e vida?Jubileu também é tempo de organizar a “casa”. O que está acontecendo com a nossa “casa” (sociedade)? Que “casa” nós queremos para os próximos 25 anos? Muitas proposições que vamos poder aprofundar no DNJ.

As três Atividades Permanentes compõem um processo. Os temas propostos querem ajudar os grupos jovens a viver esse caminho refletindo as dívidas sociais com a juventude, o chão que pisamos, suas marcas e cores para celebrar, sonhar e participar da construção de um tempo de justiça, tempo de Reino.

As Atividades deste ano querem também fortalecer a Campanha contra a violência e o extermínio de jovens, convidando a juventude para ir em marcha por outro mundo possível.





FICHA DE MONITORAMENTO DA CAMPANHA NACIONAL CONTRA A VIOLÊNCIA E O EXTERMÍNIO DE JOVENS

Responsável pelo preenchimento: _________________________________________________
Telefone: _______________________________ Email: ____________________________
Pastoral:________________________________

Data O que?
Informar de modo objetivo qual foi a ação desenvolvida. Quem?
Informar quem realizou e quem foram os parceiros Como?
Descrever detalhes da atividade, indicar quais foram as fontes de financiamento, etc. Quais os resultados?
Apontar resultados objetivos da ação realizada




Avaliação
1 – Na sua avaliação, quais os aspectos mais positivos da Campanha?
2 – Das ações desenvolvidas até agora quais as fraquezas da Campanha?
3 – Na sua opinião, que novas ações a Campanha pode desenvolver em sua realidade?
4 – Quais as suas sugestões para a continuidade dos trabalhos da Campanha Nacional?

Ser jovem... Sou jovem...
A Juventude brilha, mesmo quando a luz se apaga

Sou jovem
Sonhador, trovador,
À procura de um emprego,
De oportunidades.
Trago no rosto a face do Cristo Libertador
Que cativa, que sorrir,


Que gera amor.
Nos pés a ousadia de caminhar,
Desvendar, buscar horizontes.
De mãos dadas comungar os mesmos sonhos,
Conquistar, aproximar,
Abraçar o mundo,
Encantar.

Sou jovem,
Que encara o medo,
Que não teme o perigo,
Que busca a sorte.
Oxalá pro meu tempo.

Sou jovem
Do campo, da cidade,
Da favela, arrabaldes,
Da novela.
Jovem do cabelo enrolado,
Do gingado,
Da pátria mãe gentil.
Brasil.

Sou jovem
De tantos rostos, amargura.
Carrego no peito a coragem e
O coração na espada,
Tantas inquietações, tantas lutas dia a dia,
Tanto sangue, suor, poesia,
Tantos refrões cantados,
Declamados, rezados,
Vida minha quer liberdade.
Fábio Ferreira
fabiorusso7@hotmail.com
Arquidiocese de Vitoria da Conquista-BA

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